(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

9.10.14

Paixão pelo cérebro

Paixão pelo cérebro

Falei-lhe do livro que estava a ler e ela, no dia seguinte, foi comprá-lo.
Duas semanas depois, ao encontrá-la de novo, foi a sua vez de me falar de algo:
-"Lucy"! Tens de ver!

A primeira vez que fui ao cinema tinha seis anos. E fui sozinha. Entendi nesse dia que não precisamos de companhia para ver um filme: os nossos sentidos bastam, e o entendimento também. Lembro-me tão nitidamente da combustão sensorial que trazia, ao chegar a casa, que quase a consigo ainda sentir, tão pulsante e intensa como naquele momento.

- Lucy? Nunca ouvi falar desse filme.
- Pois, mas vais adorar: eu só me lembrava de ti e de todos os métodos de que me falas para exponenciarmos ao máximo as nossas capacidades cerebrais.
A Ângela é das pessoas mais inteligentes e cheias de personalidade que conheço. Perceber, por isso, a elevada consideração que tem pelo meu cérebro, deixa-me deveras encantada.

Enquanto, ontem, via o filme, lembrei-me de Salvadora, a personagem principal de um livro que me ficou no quinto capítulo por culpa do Eric Lobo. Tinha-me esquecido completamente dela e, à medida que ia vendo os efeitos da poderosa droga que se libertava dentro da Scarlett-Lucy, ia verificando a similitude comportamental entre ambas. Também na Salvadora eu quis ensaiar os efeitos de um crescente controle das potencialidades do cérebro. Recordei-me do quanto me estava a divertir ao fazê-lo: quase tanto como sempre me divirto ao tentar constantemente expandir os limites do meu próprio cérebro e consciência.

Regressei a casa com a mesma sensação de há trinta e quatro anos: pura combustão. E, no meio de todas as reflexões e novas sinopses, anuí comigo mesma quanto à derradeira mensagem de "Lucy": o propósito da existência, desde o primeiro homem, é a transmissão da célula... do conhecimento.

Guiei até casa em estado de absoluta paixão. Talvez estarmos apaixonados por ele seja o primeiro passo para começar a usar o cérebro com algum sopro de eficácia!

Ana Amorim Dias
24/9/2014

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