(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

9.10.14

Maravilhosas conversas

Maravilhosas conversas

- Consideras escrever um dom ou uma consequência directa da inteligência?
- Que maravilha! Encantadora questão! Considero que cada escritor tem a sua própria verdade neste campo. E não me parece que escrever mesmo bem seja exclusivamente um dom. No meu caso é simplesmente algo que amo fazer acima de todas as coisas e que, à custa de tanto o fazer, tenho melhorado consideravelmente. A inteligência é fundamental para se escrever bem, creio, tanto na forma como no conteúdo. Mas apenas te posso responder por mim.
- Ou seja, é algo trabalhável.
- Sim, sem dúvida! O bom escritor não nasce feito, faz-se. A capacidade de pensar por si mesmo, saindo de todos os padrões e formatações que vida nos impõe, é fundamental também.
- Eu sou um pensador por natureza, mas um escritor?... Estou longe disso.
- Se escreveres todos os dias, todos, e o fizeres como quem respira, sê-lo-ás.
- Talvez...
- Mas perguntas-me isso por considerares que eu tenho esse dom? Isso é algo muito relativo, não te parece?
- Não. Pergunto porque ao ler-te ponho em causa a minha inteligência...
- Desculpa??
- Eu sou das pessoas mais inteligentes que conheço... estou seguro disso. Sei um pouco de tudo, tenho 3 cursos superiores e 1 mestrado, quando alguém quer saber algo sai da mesa onde está e vem perguntar-me (sinal que esta é reconhecida e não apenas uma ilusão minha), sou habilidoso, um faz tudo... mas ao ver o que escreves e como escreves, sinto uma inveja enorme...
- Pois eu só invejo quem passa meses e anos a viajar.
- Já o fiz, durante dez anos!
- Vês? Estamos empatados em invejas... Agora deixa-me dar-te um conselho: continua a escrever mas procurado acima de tudo o prazer, de outra maneira não merece a pena. A beleza e a aproximação ao ideal da perfeição é daí que vem. Não te esqueças que o verdadeiro escritor é um vampiro. Um vampiro com pensamento rápido, milhares de novas sinopses constantes e uma memória treinada para a infalibilidade. A ordem, para mim, é viver, sentir e depois narrar as estórias com a máxima precisão, emoção e beleza, até conseguir transmitir tudo aquilo que senti ao ver o que vi e viver o que vivi.

Ana Amorim Dias
3/9/2014

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