(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

6.1.13

Nunca caio de saltos altos

Nunca caio de saltos altos!

Comecei a desconfiar do seu problema gravítico há muitos anos e comecei logo a alertá-la para o facto.
- Tem cuidado, Ana, não caias! - disse-me certo dia, a meio de um passeio campestre, mesmo antes de se estatelar, redonda, bem à frente dos meus olhos.
As suas quedas são uma constante tão assídua que chego a conjeturar a hipótese de a mãe Terra a estar sempre a querer abraçar!
Foi sabendo de todo este contexto que há dias, ao sairmos do aeroporto, lhe dei o braço antes de colocarmos os pés numas escadas rolantes.
- Cuidado, rapariga, não te destramonques!- alertei.
E ela, muito solene e segura, respondeu-me prontamente: -Nunca caio de saltos altos!-
Tenho que vos confessar que o momento adquiriu contornos cinematográficos. Pareceu-me começar a ouvir uma big band a tocar ao mesmo tempo que me senti acometida por um arrepio emocionado devido a tal revelação. Grande nome para um romance manhoso! Pena que eu não escreva desses ou já teria meio caminho andado!
Ela viu o meu ar maravilhado.
- Vai dar crónica, não vai? - o seu sorriso rasgado nem precisou de resposta. É que os saltos altos são a poção mágica da confiança feminina. É por isso que, sob o efeito dos seus super poderes, nada nos pode fazer cair!

Ana Amorim Dias