(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

16.8.12

De depósito atestado




   Apesar do preço exorbitante dos combustíveis, continuo  a procurar andar sempre com o depósito do carro bem abastecido.  É que andar na reserva faz-me uma confusão enorme. Imaginar que, a qualquer momento, o carro pode parar é simplesmente enervante por muitos motivos diferentes. Se, pelo contrário, tiver gasolina para muitos quilómetros, há inúmeros problemas que conseguem ser evitados.
   Costumo dizer que não me assuta nada conduzir em territórios desconhecidos desde que tenha combustível e tempo, porque mesmo que me perca posso escolher entre duas opções igualmente válidas: seguir pela direção que o instinto me for indicando e ver onde me vai levar; ou dar meia volta e voltar para trás até alguma zona conhecida onde me seja possível encontrar de novo o rumo.
   De depósito cheio estou sempre pronta para tudo, em particular para a eventualidade (que uma mãe tem sempre em mente) de precisar de levar algum filho às urgências.
  Ora se manter o depósito do carro com uma autonomia aceitável é  mais ou menos fácil (embora caro, repito) já manter o nosso depósito pessoal sempre atenstado parece não ser assim tão  simples.  Sabemos bem qual o  tipo de gasolina ou gasóleo que o nosso carro gasta e onde podemos abastecê-lo, mas saberemos exatamente qual é o nosso combustível enquanto pessoas? E onde podemos atestar-nos? Saberemos?
   Tenho a ideia de que todas as pessoas usam o mesmo tipo de combustível, ainda que com pequenas variações. O ser humano move-se a CEE ( Confiança, Entusiasmo e Esperança), sendo que as octanas que podem variar são elementos como a fé, a criatividade, a perseverança ou algumas pitadas de loucura.   E onde nos abastecemos disso? Onde se situam as bombas destes combustíveis?  Seremos auto geradores da energia que nos move ou temos mesmo que ir à “bomba”? 
   Não me parece que faça muito sentido avançar ainda mais.  Sei bem  quais são as “bombas” onde me abasteço (gratuitamente!) do combustível que me move e, à semelhança do que faço com o carro, tento nunca andar na “reserva”.   Quanto a vós nada mais digo… na esperança de que pensem um pouco nisto.
Ana Amorim Dias