(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

5.8.12

Adamastor



    Há uns tempos, ao passar os olhos por uma revista, li um pequeno artigo sobre a separação da Katie Holmes e do Tom Cruise. De acordo com a referida fonte de informação, parece que a Katie ligou à Nicole a pedir conselhos para o divórcio. A notícia referia ainda que as duas ficaram amigas.
   Fartei-me de rir ao imaginar a que se divorciou primeiro a ser toda atenciosa com a sua seguidora a quem, pelos vistos, prometeu o pretendido aconselhamento e ajuda para o que desse e viesse.
  O mundo realmente dá grandes voltas e, a par com toda a evolução a que os homens têm tido que se adaptar desde os primórdios dos tempos, há um fator a tomarem cada vez mais em conta: as misteriosas e inesperadas alianças que nascem entre as mulheres.   Se antigamente,  quando outros mundos se estavam a conquistar para o mundo, os medos consistiam no temor de se enfrentar o gigante Adamastor e outros monstros marinhos, na atualidade quem os homens mais devem temer são mesmo as singelas e pacíficas mulheres.
   Pois é,  meus amigos, as mulheres unidas são o  gigante Adamastor dos tempos modernos! E se os homens lá vão dando conta do recado ao lidarem com uma de cada vez, pelo contrário, quando caem no tormentoso cabo de terem contra si duas ou mais aliadas… o naufrágio é quase  certo.
  Por agora só me resta um comentário: coitadinho do Tom!
Ana Amorim Dias

O som


   À boca da noite, bebendo mojitos com dois amigos, comentei o quanto aprecio ouvir, àquela hora, o chill out que estava  a soar.
- Também acho que este género de música combina bem com o fim da tarde. – Comentou um deles.
   O outro, com ar de gozão, começou a dizer que o que lhe apetecia ouvir era o som do mar a bater nas rochas.
- …ou no casco de barco… - Acrescentei eu.    E então, de repente, entrei em “modo crónica”,  fechei-me no meu silêncio meditativo e, sem mover o corpo, voei para longe.
  No limbo etéreo dos meus pensamentos formulei uma pergunta: “ Se pudesse ouvir qualquer som neste momento, qual escolheria?”.  A primeira resposta foi pronta. Queria ouvir a voz do meu pai. Não me importava o que dissesse. Podia pronunciar apenas o meu nome e já seria suficiente.
   Depressa passei para o campo das escolhas ainda possíveis e passei (também eu) pelo som do mar e das gaivotas; pelo som das cigarras nas tardes de Verão e pelo singelo e apaziguador  som do silêncio. Por fim cheguei à conclusão que o que me apetecia, acima de tudo, ouvir era o som das minhas próprias gargalhadas quando experimento o supremo nirvana da mais pura felicidade.
   Ana Amorim Dias