(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

16.7.12

A árvore




   Uma das características  mais bem marcadas do Homem é a sua tendência para ir acumulando coisas ao longo da vida. Esta tendência pode fazer-se sentir em vários graus e, se alguns são acumuladores patológicos, outros existem que quase não evidenciam a vontade de ir guardando.
   Eu sou louca por colares. Tenho  preferência por aqueles que são únicos, rústicos;  em que a alma do artesão fica um pouco lá  impressa  e a estória do objeto é muito maior que ele.   Não sou colecionadora de colares; apenas vou guardando  cada um deles com um carinho muito especial porque todos têm um significado fantástico;  muitos deles vieram de alguma recôndida parte do mundo, imbuídos das memórias que guardo dessas viagens ou do amor de quem mos trouxe. Tenho um,  dos povos Mauberes, trazido pelos meus pais; tenho outro de contas milenares,  de uma tribo da américa central, oferecido por uma mulher que eu jamais esquecerei:  mora do outro lado do mundo e dois colares iguais tinham-lhe sido oferecidos  pela avó  para que os desse às suas filhas…
   Há tempos decidi organizar mais condignamente os colares/estórias que tenho acumulado. Pendurei alguns nesta árvore seca que, na sua simplicidade, os consegue valorizar.  Gosto de ficar no meu quarto, perdida nos pensamentos, a olhar para a árvore sagrada dos colares/estórias: e acabo sempre por sonhar com  a capacidade de desenvolver  em mim uma árvore sagrada que dê para pendurar todas a as minhas memórias.
Ana Amorim Dias