(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

15.7.12

Depressa e quente




   Ainda no seguimento da crónica do domingo passado, sobre a alegria no trabalho, partilho hoje esta fotografia de colaboradoras/amigas a fazer uma pausa em pleno casamento.  Quando se trabalha muito e se tem o à vontade de pausas dignas de grandes  “dondocas”, tudo acaba por ter uma eficiência superior.
   Mas o que mais me marcou no dia de ontem foi quando a Cristina, a cozinheira, que  não aparece na foto porque é uma daquelas máquina de guerra que não precisa de comer nem de descansar, se virou para mim, enquanto o jantar estava a ser servido, e me disse com má cara: - É depressa e frio  ou  mais devagar e quente! Tens que escolher! Não podes ter depressa e quente!! –
  Confesso-me: gosto que os convidados dos casamentos que me contratam sejam servidos com comiga farta e  gostosa. E tento certificar-me sempre que não tenham que esperar. Nada! Detesto esperar, mas creio que odeio ainda mais deixar pessoas à espera. Sobretudo pessoas cujo bem estar me foi confiado.
   Mas voltando à cozinha e à cara de má da Cristina: quando esta maravilhosa e destemida mulher, me faz cara de má, sei bem o que se esconde por trás! É uma cumplicidade e admiração mútuas que fazem com que os maus feitios de ambas, nos momentos de maior stress, sejam uma mera gota de água num oceano de entendimento que se coze sem palavras. Foi por isso que quando me ralhou eu dancei. Dancei para ela e dei-lhe o meu maior e mais aberto sorriso, a dizer-lhe com toda a energia que o meu corpo emite que os impossiveis não existem. Ela tentou manter a má cara. E conseguiu. Mas os anos que já passamos juntas permitiram-me saber que por dentro ela sorria.
Querida Cristina, tenho algo a dizer-te: servir duzentas ou trezentas  pessoas com rapidez e comida bem escaldante não é nada de outro mundo. Sobretudo se formos nós as duas a encarregar-nos disso!
Ana Amorim Dias