(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

21.3.12

Os perigos do amor

     Não há nada mais perigoso que o amor. Não há guerra,  doença, desatre natural    ou  animal selvagem que seja mais devastador para o Homem do que esse sentimento que até hoje ninguém conseguiu descrever com a mais precisa exatidão. Por amor já se morreu (pelo menos por dentro), já caíram impérios e se mudou o curso da história. Em suma: o amor pode ser tão poderoso quanto perigoso.
    O primeiro perigo do amor é surgir de surpresa, como uma praga absurda para a qual não há prevenção possível nem antídoto eficiente para quem dele queira fugir. O segundo perigo do amor é escapar-se,  como areia entre os dedos, de quem o busca com desespero. O terceiro perigo do amor é a consciencialização da sua morte e correspondente enterro.  Há quem perceba que já não ama, mas não tenha direito à sua libertação; há quem ame com todo o ser e seja abandonado, ou traído, ou mais uma infinidade de coisas…
   Não quer dizer que aconteça sempre mas,  muitas vezes,  o perigoso amor  dá cabo da sua maior vítima e produz o típico  coração destroçado.    E também os corações estraçalhados podem ser catalogados em diversas espécies e sub-espécies: os de regeneração rápida, os que levam meses e anos a curar-se e os outros, que nunca se curam.
  Quando nos deparamos com alguém com o coração feito em cacos,  o que há a fazer? Mandamo-los para o hospital dos corações durante dois, dez ou vinte anos? Vamos buscar fita cola? Impomos a nossa presença, arrombando algo que nem dá para arrombar por estar  completamente desfeito?
  E quando o amor se tranforma em simples gostar? Porque não aceitar? Haverá prova de amor maior que aceitar que o amor do outro morreu?  Por mais voltas que dê ao assunto, não chego a nenhuma conclusão. Mas talvez um dia ainda descubra quantos anos se leva a  enterrar um amor que morreu.
Ana Dias