(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

9.3.12

True Love

   Às vezes fico com a noção de que as pessoas são uma espécie de 2 em 1: são a pessoa genuína e depois têm uma segunda versão, de pessoa forjada, que corresponde à imagem que a sua cara-metade projeta em si.
   Se pensarmos nos casais que nos rodeiam (e nos que já compusemos) não nos é difícil comprovar esta realidade. Chega a tornar-se impossível perceber onde começa a segunda versão e termina a primeira.  Sobretudo nos casos de relacionamentos  longos, deixamos de tomar contacto com as pessoas espontâneas e brilhantes que se escondem atrás da mulher do “António” ou do namorado da “Augusta”.
   Não vejo os verdadeiros casos de amor como uma fusão que transforma dois seres inteiros em duas tristes metades um do outro. Nos verdadeiros casais (casados ou não, entenda-se) o segredo da sustentabilidade amorosa é a capacidade de se manterem fieis a si mesmos… com a benção e orgulho do seu par. Quando o amor verdadeiro existe, as partes que o compõem continuam a ser livres e espontâneas; continuam a ser genuínas e expansivas na sua forma de estar na vida.
   O verdadeiro amor, dure ele o tempo que durar, é composto por duas pessoas que se respeitam e valorizam nas suas ideossincrasias; é feito de pessoas que não se tentam mudar mútuamente; é feito de pessoas que permanecem genuínas, a exalar o  brilho que inicialmente ofuscou o outro.
Ana Dias