A forma como as cavaleiras de antigamente montavam os cavalos de lado, sempre me fez uma confusão enorme. Manter o equilíbrio em cima daqueles dorsos altos e, simultaneamente, controlar os animais para fazerem o que queremos já é suficientemente difícil para ainda se ter de aumentar o grau de dificuldade com fórmulas circenses. E porque montavam de lado, as mulheres? Por decoro? Para impedir a masculinização do “sexo fraco”, que se pretendia frágil e puro?...
Nos dias que correm as mulheres já não montam de lado. Montam sentadas na sela da forma que a leis da anatomia, ergonomia e equilíbrio mandam. Qualquer mulher que o queira consegue fazê-lo: montar como um homem e, ainda assim, fazê-lo com toda a feminilidade e graça com que o tal par de cromossomas a brindou.
E esta reflexão leva-me a outros atos. Há três indícios de atitude que me despertam a consideração por qualquer ser humano que os execute com constância: a sustentação do olhar; o aperto de mão firme e a verticalidade na postura. Mas ainda os aprecio mais no género a que pertenço.
Uma mulher que caminha direita e se senta com postura; uma mulher que fala com as pessoas olhos nos olhos e que é capaz de um aperto de mão firme e seguro, reúne, à partida, os requisitos para ser uma grande senhora, uma grande pessoa! Cada vez mais me convenço que não é por fazermos coisas másculas que perdemos a feminilidade. É por as fazermos com hombridade e retidão que essas coisas têm, em nós, um maior valor e beleza.
Ana Dias